Ensino Superior e a "massa crítica"
Parece que o tema da educação está outra vez na agenda dos partidos e dos media. Hoje a edição do Público tem dois artigos: um sobre a avaliação das universidades; e outro sobre a falta de "massa crítica" produzida pelas nossas universidades. O autor deste último artigo, Eduardo Alexandre Silva, põe mesmo o dedo na ferida ao afirmar:
(...) a diferença é que hoje a grande maioria das nossas universidades não produz massa crítica, mas sim técnicos ou licenciados direccionados para um tipo de função mecanizada do mercado de trabalho. Saem da universidade e já estão dentro do "sistema", onde quem questiona muito é olhado com estranheza pelos seus pares. Não se discute nada, apenas se confirma o quotidiano com o óbvio. Durante a universidade, não se "aprende a perceber", mas sim a decorar. "Marrar" é palavra de sucesso para o jovem estudante. Não é nada difícil um aluno cábula terminar a sua licenciatura, com uma média razoável, devido apenas aos esquemas de "copianços". Por cá, os alunos são formatados de forma a possuir um pensamento idêntico ao professor. (artigo completo aqui)
De facto, apesar de o curso que tirei (LLM) não preparar os alunos, ao nível da licenciatura, para nenhuma profissão técnica, não havia, na maior parte das cadeiras, liberdade para seguir um caminho diferente do indicado pelos professores. Na teoria poderíamos apresentar novos caminhos, desde que acompanhados de uma boa argumentação, mas na prática isso não acontecia, pois era raro o professor que aceitava os "argumentos". No quarto ano, quando numa cadeira (Teoria da Literatura) nos deparámos com um professor que exigia a nossa perspectiva, o Professor Miguel Támen, os alunos entraram em pânico, pois em nenhuma altura isso havia acontecido nos três anos anteriores. Se isto acontece num curso de Literatura, agora imaginem em cursos mais técnicos, mais orientados para uma saída profissional concreta no final do curso...
Só poderá haver massa crítica quando tal for exigido ao aluno, e isso terá de acontecer gradualmente ao longo da licenciatura, mas desde o primeiro ano. Com o "acordo" de Bolonha e a redução da licenciatura para três anos lá se vai a a exigência de espírito crítico, ficando esta exigência para as pós-graduções e para os mestrados... O pior é que todos nós sabemos como é que estes são ministrados em Portugal...
(...) a diferença é que hoje a grande maioria das nossas universidades não produz massa crítica, mas sim técnicos ou licenciados direccionados para um tipo de função mecanizada do mercado de trabalho. Saem da universidade e já estão dentro do "sistema", onde quem questiona muito é olhado com estranheza pelos seus pares. Não se discute nada, apenas se confirma o quotidiano com o óbvio. Durante a universidade, não se "aprende a perceber", mas sim a decorar. "Marrar" é palavra de sucesso para o jovem estudante. Não é nada difícil um aluno cábula terminar a sua licenciatura, com uma média razoável, devido apenas aos esquemas de "copianços". Por cá, os alunos são formatados de forma a possuir um pensamento idêntico ao professor. (artigo completo aqui)
De facto, apesar de o curso que tirei (LLM) não preparar os alunos, ao nível da licenciatura, para nenhuma profissão técnica, não havia, na maior parte das cadeiras, liberdade para seguir um caminho diferente do indicado pelos professores. Na teoria poderíamos apresentar novos caminhos, desde que acompanhados de uma boa argumentação, mas na prática isso não acontecia, pois era raro o professor que aceitava os "argumentos". No quarto ano, quando numa cadeira (Teoria da Literatura) nos deparámos com um professor que exigia a nossa perspectiva, o Professor Miguel Támen, os alunos entraram em pânico, pois em nenhuma altura isso havia acontecido nos três anos anteriores. Se isto acontece num curso de Literatura, agora imaginem em cursos mais técnicos, mais orientados para uma saída profissional concreta no final do curso...
Só poderá haver massa crítica quando tal for exigido ao aluno, e isso terá de acontecer gradualmente ao longo da licenciatura, mas desde o primeiro ano. Com o "acordo" de Bolonha e a redução da licenciatura para três anos lá se vai a a exigência de espírito crítico, ficando esta exigência para as pós-graduções e para os mestrados... O pior é que todos nós sabemos como é que estes são ministrados em Portugal...
1 Comments:
Claro que existem muitas cadeiras só para encher currículos...
Contudo, a ideia que hoje subsiste é a de que as licenciaturas são generalistas e as pós-graduações especializadas; e ainda que só os cursos que são ministrados em politécnicos é que são técnicos...
Concordo que o "processo de Bolonha" possa trazer algumas coisas boas, embora a ideia que lhe subjaz é a harmonização do ensino na Europa...
Mas já que vem, aproveitemo-lo para melhorar o muito que está mal!
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TA, at 5:06 da tarde
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